Profissional usa atividades diversas como recursos terapêuticos para melhorar desempenho de pessoas doentes ou que foram vítimas de acidente
Apesar de ter um campo de atuação amplo na área da saúde, a terapia ocupacional ainda é pouco conhecida pela maioria das pessoas. O que muitos não sabem é que um TO, como é chamado pelos profissionais da área, tem papel importante na recuperação pós-operatória e no atendimento a crianças, adolescentes, adultos e idosos.
De acordo com Hercília Martins, professora da Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac), o terapeuta ocupacional é o profissional que usa as atividades como recursos terapêuticos para melhorar o desempenho funcional do paciente, independentemente da idade. Regulamentada na década de 60 no Brasil, a profissão é antiga nos Estados Unidos, de onde foi importado o atual modelo de reabilitação, que é uma das áreas de atuação do TO.
A professora explica que esse profissional trabalha para melhorar as atividades de vida diária (AVDs) do paciente, prejudicadas por um acidente, doença, cirurgia, velhice ou deficiência. "Primeiro, tentamos reabilitá-lo, restabelecendo sua capacidade de praticar determinadas atividades, como tomar banho, comer, fazer xixi e ler. Se não conseguimos, partimos para a adaptação. Para um paciente que acabou de sofrer um acidente e teve seus movimentos prejudicados, por exemplo, pensamos em um garfo especial que permita que ele coma sem a ajuda de outra pessoa. Procuramos ainda ensinar formas de abotoar a camisa e de tomar banho, aproveitando o máximo de sua capacidade e contribuindo para torná-lo o menos dependente possível de seu cuidador", explica.
Segundo Hercília, a terapia ocupacional pode trazer resultados surpreendentes para quem tem mal de Parkinson, Alzheimer, demência e artrite, ou teve acidente vascular cerebral (AVC) ou outras doenças. "No caso de quem tem Alzheimer, pensamos em estratégias como espalhar lembretes pela casa, para que, aos poucos, o paciente vá se lembrando de suas atividades. No caso do deficiente físico, organizamos o ambiente da casa para que ele se movimente com mais facilidade. Já para a pessoa com o mal de Parkinson, pensamos em uma adaptação para o teclado do computador." Segundo a professora, o TO encara as doenças, mas não deixa que elas diminuam a auto-estima do paciente e o tornem inútil.
Além da reabilitação, o TO pode atuar no atendimento a crianças, adolescentes e bebês de alto risco. Também trabalha com gerontologia, saúde do trabalhador e em saúde mental, cuidando de pacientes com transtornos psíquicos e depressão, principalmente nos centros de convivência. Outra área destacada pela professora é a de atendimento ao paciente hospitalizado. "A pessoa tem que ficar no leito, mas não o tempo todo e sem nenhuma atividade. É o TO quem deve avaliar qual atividade pode ser realizada para levar mais alegria e bem-estar ao paciente", ressalta.
CARREIRA A professora observa que, embora a profissão não seja muito difundida no Brasil, a sociedade tem reconhecido seu valor. Ela explica ainda que o mercado é amplo para o profissional, que ganha, em média, R$ 1,2 mil em início de carreira. "Nos Estados Unidos, há um TO em cada escola. Lá, quando as pessoas estão doentes, não ficam tão dependentes quanto aqui. Contudo, essa visão está começando a mudar. Como existem poucos profissionais atuando na área, o mercado está mais aberto." Hercília diz que, ao contrário do que as pessoas pensam, o atendimento em domicílio ou no consultório não é tão caro. Em média, cada sessão custa R$ 40. Com aulas em Conselheiro Lafaiete, o curso de terapia ocupacional oferecido pela Unipac tem duração de quatro anos. Os alunos estudam disciplinas básicas, como citologia e anatomia, e específicas, como terapia ocupacional aplicada à clínica, ortopedia, doenças cardiocirculatórias, geriatria, neuropediatria, disfunções neurológicas e saúde do trabalhador. O curso é oferecido ainda na UFMG, na Faculdade de Ciências Médicas e na Universidade Fumec.
.